sexta-feira, 16 de março de 2012

Sofrimento: Você Cospe ou Engole?

"Dá licença, posso sofrer sem que me encham o saco ou me chamem de menininha ou de ser humano frágil? Se me tirarem esse direito, viro só mais uma carcaça que trabalha, come, dorme e estuda. Ainda sinto pontadas melancólicas, que me obrigam a chorar de saciar baldes: o único jeito de contar pra mim quando estou triste, apesar do mundo que conquistei.

Engole o choro, Cassiana. Me lembro mais dessa frase, do que dos Natais da minha infância. Meu pai sempre mandava essa, quando percebia uma faísca de berreiro. Eu me esforçava para não desapontar o meu herói, mas nunca tive talento pra algemar tristeza.

Chorei no primeiro dia de aula do primário. Não queria ser adulta. Se eu pudesse continuava desenhando bolinhas e brincando de pega-pega. Chorei no banheiro do trabalho. Ignorei caminhoneiros e motoboys ao redor, o meu público. Chegando em casa, não abracei ninguém, fui pro quarto umedecer a cara. A minha família nem imagina que, longe deles, eu sou de açúcar.

Choro pelos caras. Eu coloco músicas pra me lembrar deles e mando ver. Na saída de um show, tive um ataque por causa de um. Um de quem gostei com aquela brutalidade, que não consigo evitar. Uma menina na fila quis me assessorar, Não chora pelo amor de Deus, ela dizia, como se zelasse pela minha dignidade. Que dignidade? Eu já tinha esfaqueado a minha dignidade, desde que me permiti gostar de alguém, que só esfregou a sola do sapato na minha cabeça. Perto de uma dignidade desertora, o que eram umas lagriminhas, detonadas pela cerveja na saída daquele show? Vai ser digna no inferno! Doía, porra. Essas lágrimas que te envergonharam, essas aí, que você tentou barrar, garota, é o meu jeito de expor um ponto de vista. Me violentei toda vez que fiz silêncio. Eu sou de me derramar inteira numa folha em branco. De ter pranto contando pra desconhecidos como me sinto. Sofrer é pra quem tem força. Fica tranquila, porque eu aguento o dia seguinte, quando tudo é ressaca de uma surra emocional. Eu aguento. Eu espero sempre aguentar.

Reprimir meu choro é tão agressivo que acabo no hospital. É travar boca. É calar teclas. Não suporto gente contida. Não entendo. Cheira a aguado. Gente que ri sem arreganhar os dentes. Personagens vazias, poluídas de bons modos. O que passa pela cabeça de vocês quando a luz se apaga e a vida é mais franca? Vocês enchem a cara de álcool para amortecer o coração mastigado? Como vocês esparramam suas lasquinhas de dor secreta?

Eu não quero ajuda. Eu gosto do meu exagero. Gosto de quando o sofrimento aterrissa, pra eu esvaziá-lo até a última linha. Descrevê-lo em gotas salgadas – antes que passe. O sofrimento é turista. Gosto de encadernar suas fotografias, porque me vestem de espertezas futuras. Eu nunca chorei pelo mesmo Adeus. Se eu reprimo, a dor transborda por poros desajustados e me convence de que faço escarcéu, em vez de desabafos. De que transformo vírgulas em parágrafos. Me dá licença. Vou sofrer sempre que puder. Eu não vou engolir o choro, vou cuspir pelos olhos."

Priscila Nicolielo - @prinicolielo.

domingo, 4 de março de 2012

E agora?

"Esse misto de solidão e tristeza, tá me corroendo sabia? Eu já não me importo mais sobre o que vestir, onde ir, com quem estar, me deixei de lado, ao lado do celular . Deitada, curtindo segundos de angustia esperando sua ligação, com o computador ligado, sendo dominada pela instiga de te ver on-line. Amor próprio? já não tenho mais, Deus a que ponto cheguei?! ...Essa tortura sem fim. E voce aí de longe,sem se quer imaginar meus medos, sem pensar que aqui alguem sofre à sua espera, a vontade que eu tenho?! Sair...correr como louca a sua procura, gritar: --Ei, não tá vendo que isso está me matando por dentro? Idota, estou aqui...deixando de me amar pra amar exclusivamente voce! E voce sempre a procura desses pseudo amores, que duram no máximo uma semana...e aqui morrendo aos poucos.
E o que me impede de fazer isso? Talvez a certeza de que, por mais que eu faça, nada vai te fazer mudar, nada vai te fazer deixar de ser o menino que é. Chega! Preciso urgentemente reaprender a gostar de mim."

sexta-feira, 2 de março de 2012

Nem tão sua.

Eu duvido! Duvido que você não chame meu nome quando você sente falta de alguém, duvido que não sinta falta do meu carinho sempre tão sincero, falta de me contar como foi seu dia, as histórias da sua vida que sempre foram pra mim melhor do que qualquer novela. Duvido que você não me procure nas biscates que você pega por aí, sempre tão vazias. Vazias igual a sua liberdade idiota que nunca te serviu pra porra nenhuma. Talvez esse seja o nosso problema, eu sou completa demais pra sua vidinha mais ou menos. Eu sinto, eu penso, eu falo, eu te conheço, isso te assusta né? "Tô invadindo seu espaço? Desculpa." Essa fui eu, durante todo esse tempo, me desculpando por que mesmo? Me diminui pra você ficar maior, pra você não me perceber entrando na sua vida. Se você pudesse sentir o quanto isso dói você quem iria se desculpar. Eu queria ligar pra você, e te falar sem pausas tudo que eu ensaio toda vez que você me magoa, mas nunca digo pra não te magoar, afinal você não me faz mal por mal, e talvez esse seja o pior mal que se possa fazer a alguém, tão natural. Bobagem, como se algum ensaio no mundo fosse me deixar firme depois do seu 'alô'. Então é isso, tô te escrevendo! Sempre fui mais segura com as palavras. Tô te escrevendo pra talvez um dia te enviar, mas to escrevendo. E não é sobre você dessa vez, é sobre mim. Sobre o quanto eu sou boa, igual a mim tá difícil meu bem! Sobre como eu não preciso usar cinco centímetros de saia e um decote no umbigo pra ser mulher; Sobre como, ainda assim, só eu sei fazer de você um homem. Sobre muitas coisas, mas principalmente, sobre quantos homens eu poderia estar saindo nesse exato minuto. Não é com você, é comigo sabe? Por exemplo, EU te idealizo nesse momento como o melhor, não que você seja. Acho legal você brincar com a sorte, mas se eu fosse você não teria tanta certeza da minha posse assim! Talvez ninguém tenha te avisado ainda, então desculpa se eu vou te dar essa notícia sem te preparar antes, mas a porra do mundo não gira em torno do seu umbigo! Ficou chocado? Acontece. Só queria te dar um conselho, em nome da nossa amizade e meu carinho por você, tira uma mão da liberdade e segura um terço. Fica assim, agarrado nas duas coisas sabe? E reza, reza muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer. Porque eu sou amor, e ainda que não seja o seu, essa é a minha essência! E você não deve acreditar muito nessa ideia, pelas tantas vezes que eu quase fui, mas um dia eu vou.. sempre foi assim! Mas deixa eu te contar um segredo: se eu for, eu não volto.

Marcella Fernanda - eusoumeigaporra.blogspot.com

Meu recomeço, você pra trás.

Olha só a loucura: Vivo esperando pelo dia em que você vai passar por mim e me ver feliz, nem aí pra você, com outro cara bem melhor ou só comigo mesma, que sou uma companhia maravilhosa. Ao mesmo tempo só queria pedir arrego pro mundo, poder me despir de todo esse orgulho, ignorar meu amor-próprio e deitar no seu colo, pra encontrar em você o meu conforto pra tua ausência. Quando você me liga num fim de tarde, queria ir correndo e pedir por outros fins de tarde, quando você tiver tempo, quando você quiser. E me alimentar novamente das suas migalhas, sempre tão pouco que me faz sugar coisas de mim mesma, coisas que eu nem tenho pra dar. E eu me vejo tão completa e depois tão vazia, numa fração de segundos, assim que vejo suas costas indo. Indo e não sabendo quando elas vão voltar ou pra quem elas vão chegar até a volta pra mim. Queria te pedir, pelo amor de Deus, pra você parar de brincar assim, me testar, me esgotar. Pra você ir ou ficar, mas, por favor, não ficar indo e vindo. Não rouba minha paz assim. Daí eu lembro que amor não se implora, que consideração não é um favor que se pede, e preciso continuar sendo forte. Mil armaduras pra afastar você, querendo desesperadamente você por perto. Lembro que você quem fez tudo acabar assim, que você ainda tem muito que aprender e eu não tenho mais condições nem tempo de te ensinar. Então eu continuo andando, reto. Ouço sua voz e diminuo o passo, ainda te gosto tanto. Mas continuo reto. Um dia vou estar longe demais pra te ouvir. E é por isso que eu não paro. Que se dane nosso fim, meio, começo. Quero meu recomeço, e só.

Marcella Fernanda - http://eusoumeigaporra.blogspot.com