terça-feira, 28 de agosto de 2012

Meu eu

"Queria falar sobre o amor com a propriedade de quem nunca teve. Amor no sentido de romance, esquecendo a parte fraternal e amizades, claro. Carrego na mala alguns projetos de relacionamentos, uns quase namorados, meios carinhos e fins inteiros, sem nem ter havido começos. Mala pesada, que vira e mexe prejudica minha coluna, mas poderia ser pior. Sou viciada em atropelar as coisas e sair jogando vírgulas pra tudo que é canto, vivo com a impressão de que meus começos já são os meios e talvez nem seja impressão. Sou mal acostumada a ser sincera e isso nunca me permitiu jogar, trocar de papel conforme a trama mudasse a direção. E quem não joga em tabuleiro, tende a virar peão. Meu primeiro quase amor foi a minha paixão louca e platônica, tradicional, não? Três anos e uma novela mexicana. Algumas declarações infantis, menino paciente, nunca tivemos nem amizade e acredito que nesse ponto da vida se iniciou meu costume em sofrer. Como se fosse uma zona de conforto anti-amor, enquanto eu esperava desesperadamente que o amor invadisse, porque na realidade todo o conforto sempre foi só fachada. Estendi minha sina até poder transferir todo o peso de querer e não saber amar pra um novo corpo, meu segundo quase amor. Esse, na verdade, passou longe de qualquer sentimento, mas foi meu primeiro namorado. Só status, só porque era legal, terminei um mês depois e nesse ponto começou minha rota de fuga oficial: Me ama? Adeus, não sei lidar com isso, desculpa. Anos e anos vomitando liberdade até aparecer meu terceiro quase amor. Falava tudo que eu precisava ouvir, me fazia companhia e carinho, bem cômodo até ele querer um maldito tempo. Depois de dois meses, do nada, como quem pede o açúcar na mesa do café. Senti pela primeira vez o gosto amargo de um fim antes do final, abortei pela primeira vez um relacionamento, sem saber que isso ainda seria normal pra mim. Senti fundo tudo isso por estar amando a ideia de namorar, não ele, nunca ele. Mas dei todo o tempo do mundo, porque relógio eu nunca fui. Curti pouco tempo a sensação de sangue escorrendo sem parar, até o início do quarto quase amor. Dois anos, algumas horas de felicidade extrema, milhões de litros de lágrimas, muita imaturidade, eu virando boneca numa prateleira cheia de desculpas e egoísmo. Só que hoje em dia boneca anda, então fui embora, odeio lugar apertado. O fim mais difícil e adiado da minha vida, mas de parto normal. Me doeu pouco porque eu já estava no quinto, isso mesmo, no quinto e último quase amor. Eu completamente metódica, cheia de listas, horários, conceitos e preconceitos. Ele completamente do avesso, me virando de ponta cabeça e me deixando o que eu nunca fui na vida: leve. A pessoa mais louca e sensata que eu já conheci na vida. Quatro meses que me valeram uma vida, meu segundo aborto de amor. Minha rota de fuga usada contra mim, justo na vez que eu daria tudo pra ficar, mesmo não sabendo. Senti direto na pele, pela primeira vez sem armadura. Respeitei. Queria falar sobre dedo na ferida, vodka com gelo e saudade, travesseiro molhado. Queria dizer que tô acostumada demais a sofrer e, talvez por isso, reconheço e acolho as dores de todas as minhas tentativas de amor e me assusto com coisas que só fazem bem, sem nem arranhar. Não sei quase nada do amor. Nada além de romances literários, filmes de comédia romântica, desabafo de amigas e umas poucas tentativas extremamente mal sucedidas. Conheço e admiro de nome, mas queria compartilhar minha única certeza: Amor mesmo não dói." Marcella Fernanda.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Adeus.

"Sabe, se você não correr atrás, não vai existir relação nenhuma entre nós dois. Eu sinto saudade e me disseram que quem sente saudade, procura. Mas eu não vou te procurar. Sabe por que? Porque quando eu falo com você é como se você tivesse se sentindo obrigado a falar comigo, numa cela onde te servem comida e você só come para não morrer. Eu me sinto mal ao fim de cada diálogo, me sinto culpada, um trapo, um verdadeiro lixo. Percebi que só é verdadeiro quando você sente a minha falta e vem falar comigo. Quando sou eu que inicio a conversa, eu já não sei mais quem você é, você cria uma máscara na qual é impossível saber o que você não está falando da boca pra fora. Mas isso mudou, o orgulho, a vontade de ser feliz... ou melhor, o amor próprio. Eu vi que eu tenho que me importar com quem me retribui em alguma coisa, com quem se importa comigo. É parar de valorizar muito quem não quer ter o trabalho de vir me procurar. Aprendi que quem é assim não é digno de ser amado por ninguém, muito menos ser digno do meu amor. E se você não me procura, é porque eu não faço diferença na sua vida. Então pra que te procurar? Tudo bem que o interesse tem que vir de ambos, mas eu dou muito de mim e recebo nada de você. Seguindo essa lógica, agora é a sua vez de me procurar. Eu fico triste demais com essa realidade de nós dois. Melhores amigos como você diz, mas não foi o motivo pelo qual ao menos você quisesse preservar a nossa relação quando eu disse que iria me afastar. Levou na boa, como se estivesse se livrando de um peso nas costas. Eu esperava que você tentasse ao menos me convencer de que esse não era o único jeito para resolver a nossa situação. Eu queria que você pedisse pra eu ficar... mas já que é assim, eu não posso mudar a mentalidade de um animal que não tem sentimentos. E a vida vai te ensinar, ah vai. Mas eu não vou fazer parte da peça junto com você. Eu vou fazer parte da plateia para aplaudir o teu fracasso. Enquanto isso, mesma trilha, caminhos separados." https://www.facebook.com/larissagentilfrases